sexta-feira, 17 de abril de 2015

Oi. Eu sou o Zé.

Oi,
Eu sou o Zé.
Me conhece?
Não?

Tudo bem...
Não tenho muito
com quem falar.
Então se você
me ouvir
me serve.
E em troca,
te ouço
também...

Sabe,  eu queria
dar minha opinião.
Dar não:
dar é de graça...

E nada que é de graça
tem valor. (dizem)

Eu queria vender.
Mas como não sei
exatamente quanto vale,
me basta explicar:

Minha opinião é expressa
em versos.

(Pronto, olha eu ai
explicando poesia...)

Não... poesia
não tem explicação.

Poesia, só tem que causar
"espécie" !!!

Isso mesmo. Poesia
tem que causar
sensações!

Boas, más,
porém nunca
indiferentes...
A não ser que
sejam
falsamente
indiferentes!


Prefiro que minha
opinião
(portanto poesia)
não seja tranquila... banal...
equanime, social, igual, plural...
( quase de centro esquerda )

Pretendo que provoque
vômito, já que ela é vômito.

E que cause regurgitos mil...


Que provoque reflexão.
Ou não...
Que cause revolta
ou tristeza
ou paixão.


Pretendo que poucos
ou ninguém goste
à que alguns a
achem "boa o suficiente"

Prefiro repulsa,
ódio e até asco

à indiferença...

E peço:

Por favor achem nexo.

Achem nexo!!!!
Mesmo que que o nexo seja nenhum!

Agora... Preciso pagar a conta.
Vou te ouvir.
Qual sua opnião?




db (17/04/2015)

quinta-feira, 16 de abril de 2015

O início


Tudo estava
calmo
Ouvia-se só
um som grave
compassado
e tranquilo
Não havia
tempo
só espera
Não havia chão
flutuava-se
tudo era
devagar
e a cabeça era
deliciosamente
vazia
Tudo era paz e
ritmo
tum-tum,
tum-tum,
tum-tum
Ritmo calmo que
raramente se
acelerava
Mas um dia
o ritmo aumentou.
Alguma coisa
importante ia
acontecer...
Os movimentos
eram diferentes
rápidos
sofridos
Outros sons
se ouviam
Sons assustadores
desconhecidos
e luz...
de repente luz
luz e sons
sons e frio
movimentos
bruscos e
frio,
e de tanto
susto
e fazendo força
um som saiu
de dentro dele
chorou
nasceu e chorou...

db (16/04/2015)
da série "Histórias do Zé"

quarta-feira, 15 de abril de 2015

On the road

Um dia resolveu
parar de pensar
bebeu e concebeu
coisas
coisas que podia
e queria fazer
Escutou com a boca
e ficou
impregnado de odores
cheirou o novo
e pariu idéias novas
esqueceu os
riscos
e realizou
que era
inútil pedir
ajuda a um Deus
no qual não cria
Saiu para o
mundo
mãos dadas
com Keruouac
“on the road”
Viajou
comeu carreiras
cheirou mulheres
e fez tudo
que não tinha
feito ainda
e quando
cansou
cheirou de novo
trepou, desceu
subiu, caiu
levantou
e continuou
até o fim
até não
poder mais
Até não ter
mais forças
cansou
dormiu
Acordou
com o despertador
tocando:
seis e meia
da manhã
Levantou
tomou seu banho
e foi trabalhar
feliz
No final
do dia
ele poderia

sonhar de novo...

db 15/04
da série "Histórias do Zé"

quinta-feira, 9 de abril de 2015

É isso mesmo

É  isso mesmo:
O porra louca
Vai distribuindo
A louca porra
e fazendo
Filhos a esmo...
E no desvareio
vai povoando
o mundo
e provocando
enleio
Distribui
a fome
Nem empresta
o nome
e logo some
Ninguém avisou
ao insano
que a água
do mundo
está acabando?
Ninguém avisou
ao demente
que neste
pequeno mundo
já tem muita gente?


db (09/04/2015)

terça-feira, 7 de abril de 2015

Outono

 
As palavras tem saído
cuspidas e só saliva
antes fossem catarro
Ai seria a borra criativa
do sarro do cigarro
...

Sem ciência para pessoas
Nem para fernandos
Estou mais para cinza
quase ranzinza
quase Bukowski
Comungando niilismo
Sem paciência
para aforismo
Foda-se Nietzsche
...

Nem um regurgito
que valha a pena
Nem vômito
que faca a cena
Nem um choro
para inspirar
nem uma gargalhada
que escancare
O que nao quero
mostrar

...

Não estou
nem de prosa e nem de verso
e pra conversa tao pouco
estou
no acesso do inverso
No vazio do oco
...

As folhas caem mortas
Junto rimas escrotas
Chegou o outono
só me vem ideias rotas

Sem inspiracao, só sono


db (07/04/2015)
(outono)

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Fugi de escrever

Fugi de escrever

pra não ter que dizer
O que você  já sabe
 
Não sei por que fugi
Só sei que o branco
da página que não escrevi
Exigiu um escrito
que  demorou a sair
e agora saiu
feito um regurgito
 
Não sei se notou
muito tempo passou
Muita dor e ferida
Muita água rolou
umas vezes pura
outras poluída
 
e entre afetos e
desafetos
Já estamos juntos
há duas filhas e
dois netos
 
Fugi de escrever
Talvez porque tenha
ficado difícil dizer
O que é tao simples: 
 

Amo você

db (06/04/2015)

"E que as palavras
difíceis
que sempre temi 
dizer
podem agora ser
ditas:

Eu te
amo. "  (Confissões - Charles Bukowisk)