segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O cinza não me representa


Cuidado!
Essa cidade está minada de poesia
Explosiva de arte
Arte que salta dos muros
Do asfalto
Escorre até pelo cinza dos prédios
A arte não é inerte, não é passiva
É viva, é dinâmica, é pulsante
É como um vírus que
Se reproduz silencioso
Morre um, nascem milhões
A arte é como a natureza:
Entre uma pedra e outra
De cada muro
De cada parede
Sempre vai brotar o verde
E em cada muro
Em cada parede
Em cada grafite
Apagado
Há de brotar sempre:
Explosão de poesia e de cores
De idéias e de ídeáis
O cinza não me representa
E não adianta pintar por cima
A arte vai brotar de novo, sempre.
Douglas Bunder 22/01/2016


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Nada

Gosto de escrever sobre o nada
De escrever sobre o não sei
Prefiro as incertezas
Prefiro a inexatidão
Quero a dúvida
Quero pouco
O vazio
Nada

Douglas Bunder 01/17

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A poesia talvez 
Não me responda nada
Mas, com certeza,
É a razão de meus porquês
db

Coisas da Paulista


Um menino
com uma caneta na mão
Me pediu uma folha de papel:
Tinha perdido o caderno
onde escrevia poesias
Dei a ele o meu
Um poeta não pode
Desperdiçar inspiração
Baudelaire agradeceria
(Douglas Bunder)

" todo homem saudável consegue
ficar dois dias sem comer -
sem a poesia, jamais " (Charles Baudelaire)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Quem sabe?


Há os que fogem de si
E procuram em outros
A razão de sua própria existência 
Há os que fogem de si
E buscam em coisas
A razão de existir
Há os que se fecham
Antropofágicos de si mesmo
Engolem sua própria essência
Há os que se doam
E ao se doar se acham
Há os que não sabem
Há os que não querem saber
Há os que vivem procurando
Há os que morrem sem saber
A razão de seus próprios porquês.
Douglas Bunder (01/17)

Dúvida

Só quem tem dúvida
É livre
Para acreditar no que quiser

Douglas Bunder

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Poesia sobre tudo que tenho aprendido

Eu queria fazer metáforas desaforadas
Brincar de florear palavras sem dizer nada
Dizer tudo de um jeito escondido
De forma que fique só subentendido
Discorrer sobre a falácia das falsas idéias
Descrever flores, rosas, margaridas, azaléias
Eu queria fazer um tratado sobre a amizade
Sobre historias de vida, tristeza, felicidade
Queria contar tudo que tenho escutado
De um jeito novo, manso, desacelerado
Queria dividir tudo que tenho aprendido
E contar como aprendo de um modo sofrido
Queria trazer essas historias pra casa
E dividi-las de uma forma que criem asas
Falar sobre vidas diferentes da minha
De mulheres que vivem sozinhas
Sobre pessoas que vivem na rua
Sobre minha alma cada vez mais nua
Sobre gente que vive de esmola
Sobre a rua ser também minha escola
Queria muito falar tudo isso sem dizer nada
Queria fazer uma poesia que gritasse calada
E fizesse estardalhaço com tudo que eu disse
Mas só no coração de quem a ouvisse

Douglas Bunder (12/2016)